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Você está sofrendo bullying?


Auggie Pullman, de 10 anos, nasceu com síndrome de Treacher Collins, uma doença genética que causa deformidades no rosto e na cabeça. Por essa razão, desde muito pequeno, o menino precisou de vários tratamentos médicos. No total, foram 27 cirurgias que ajudaram Auggie a respirar, enxergar, ouvir e olhar com mais facilidade.


As operações deixaram marcas e imperfeições no rosto do garoto e ele tinha muita vergonha de sair de casa sem seu capacete de astronauta para escondê-las. Auggie era acostumado a estudar com sua mãe em casa e, ao entrar na escola pela primeira vez, começa a enfrentar olhares e comentários maldosos de outras crianças. Diziam:


- “Olha o rosto dele!”

- “Nunca vi ninguém tão feio na vida!”

- “Se eu me parecesse com ele, eu viveria com um capuz na cabeça.”


Estas agressões têm um nome: bullying. A história de Auggie é contada no filme “Extraordinário”, do diretor Stephen Chbosky, mas é a realidade de muitas crianças.


O termo “bullying” tem sua origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão e tirânico. Ainda que esse tipo de agressão entre os estudantes sempre tenha existido, foi o psicólogo sueco Dan Olweus que chamou a atenção para o assunto, em 1978.


O bullying é uma agressão, humilhação, maltrato e intimidação. Ele pode acontecer em qualquer ambiente em que as pessoas se relacionam, seja na escola, na igreja ou até na própria família. Segundo Maria Isabel da Silva, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em comportamento escolar, quem é alvo de bullying pode sofrer psicologicamente, com estresse, ansiedade, depressão, ou então fisicamente, com indisposição, falta de apetite e insônia.


E o pior de tudo: quando uma pessoa sofre bullying pode carregar as mágoas destes momentos até a vida adulta. O Brasil é o quarto país com maior prática de bullying no mundo. Aproximadamente, um em cada dez estudantes brasileiros afirma ser vítima de agressões, segundo o levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015.


Tim Tim: Qual é o limite entre as “brincadeiras” e o bullying?

Maria Isabel da Silva: Realmente, existem diversos tipos de visão e diversas interpretações sobre o bullying. Porém, se a provocação incomoda as relações pessoais e se caracteriza como umas humilhações podem considerar que é um bullying.


Tim Tim: O que leva o autor do bullying a praticá-lo?

Maria Isabel da Silva: É basicamente pelo desejo de se destacar como uma pessoa “corajosa” e “engraçada”. A pessoa localiza quem não sabe se defender e que vai se intimidar. O autor do bullying é uma pessoa com pouca ética, que usa o outro para se destacar.


Tim Tim: O espectador também participa do bullying?

Maria Isabel da Silva: Visto que é essencial a presença de uma plateia para que o provocador se afirme como “alguém corajoso e engraçado”, sim. O espectador participa do bullying e, ao mesmo tempo, também sofre de uma certa violência psicológica, pelo medo de se tornar futura vítima.


Tim Tim: O que pode amenizar esse tipo de violência?

Maria Isabel da Silva: Um ambiente escolar cooperativo e respeitoso contribui muito para que este tipo de prática não ocorra. Se o ambiente for diferente, o bullying tem maiores chances de acontecer.


Se você sofre ou já sofreu algumas dessas violências que descrevemos, procure a ajuda de professores, dos seus pais ou de alguém mais velho que seja de confiança e que possa solucionar o problema. O bullying às vezes vem disfarçado de “brincadeiras”. Portanto, é importante analisar as situações e buscar ajuda dos profissionais de saúde e de segurança para lidar com a violência.

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